Coleta de Sangue I

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Uma das principais finalidades dos resultados dos exames laboratoriais é esclarecer as dúvidas oriundas durante a anamnese e exame físico que surgem a partir do raciocínio clínico do médico veterinário.

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Para que o laboratório clínico possa atender adequadamente a este propósito é indispensável que o preparo do paciente, a coleta, o transporte e a manipulação dos materiais a serem avaliados obedeçam a determinadas regras.

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Antes da coleta de sangue para a realização de exames laboratoriais, é importante conhecer, controlar e, se possível, evitar algumas variáveis que possam interferir com a exatidão dos resultados.

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PREPARO DO PACIENTE

Antes de iniciar o processo, é essencial verificar se o animal está em condições adequadas para a coleta, especialmente no que se refere ao jejum e ao uso de eventuais medicações. O período de jejum habitual para a coleta de sangue de rotina é de 8 horas, podendo ser reduzido a 4 horas, para a maioria dos exames.

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Outros requerem cuidados específicos quanto a dietas especiais, como o jejum de 12 horas – necessário para a coleta de triglicérides, colesterol e seus derivados. Em situações pós-prandiais, em geral, causam turbidez do soro, o que pode interferir em algumas metodologias. Devem ser evitadas coletas de sangue após períodos muito prolongados de jejum, acima de 16 horas.

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Importante também ressaltar que, independentemente do tempo de jejum determinado pelo veterinário, deve ser dado água ao paciente livremente, para evitar desidratação.

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CONTENÇÃO

A contenção adequada do paciente é importante para obter uma punção venosa bem sucedida. É desejável que a contenção não agite ou excite o animal, e sim que garanta tanto sua segurança como a das pessoas envolvidas na coleta, além de deixa-lo o mais confortável possível.

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A área ao redor da veia deve ser contida sem movimento, a pele firmemente distendida e a pressão exercida para ocluir o fluxo sanguíneo deve ser realizada por um garrote ou manualmente.

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O tempo ideal de aplicação do garrote é de 1 minuto. Acima disso (até 2 minutos), pode causar aumento da pressão intravascular no território venoso, facilitando a saída de líquido e de moléculas pequenas para o espaço intersticial, resultando em hemoconcentração relativa.

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Em períodos ainda maiores, a estase venosa fará com que alterações metabólicas, como glicólise anaeróbica, elevem a concentração de lactato com a redução do pH. Isso interferiria em resultados de plaquetas, testes de coagulação e cálcio (para este, se possível, efetuar a coleta sem garrote).

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CUIDADOS PRÉ COLETA

Alguns cuidados são essenciais antes e durante a coleta, principalmente no que diz respeito a evitar hemólise das amostras. São eles:

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Antes de iniciar a punção, deixar o álcool usado na assepsia secar;

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Evitar usar agulhas de menor calibre; usar este tipo de material somente quando a veia do paciente for muito fina;

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Evitar colher sangue em áreas com hematomas ou equimoses;

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Em coletas a vácuo, puncionar a veia do paciente com o bisel voltado para cima;

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Perfurar a veia com a agulha em um ângulo oblíquo de inserção de 30 graus ou menos. Este procedimento visa prevenir o choque direto do sangue na parede do tubo, além de evitar o refluxo do sangue do tubo para a veia;

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Em coletas de sangue a vácuo, aguardar o sangue parar de fluir para dentro do tubo, antes de trocá-lo por outro, assegurando a devida proporção sangue/anticoagulante. Isso evita hemólise e resultados incorretos;

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Em coletas com seringa e agulha, verificar se a agulha está bem adaptada à seringa para evitar a formação de espuma;

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Não puxar o êmbolo da seringa com muita força;

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Ainda em coletas com seringa, descartar a agulha, passar o sangue deslizando cuidadosamente pela parede do tubo, cuidando para que não haja contaminação do bico da seringa com o anticoagulante ou ativador de coágulo contido no tubo.

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LOCAL DA PUNÇÃO

A punção da veia em cães e gatos pode ser realizada nas veias cefálica, jugular, femoral ou safena lateral. Em cães de grande porte normalmente se opta pela veia cefálica 18.

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Em gatos e cães de pequeno porte, a veia jugular é considerada o melhor local para coleta das amostras, pois possui maior fluxo sanguíneo, é quase indolor para o paciente e a amostra é de melhor qualidade, pois pouca pressão é feita para a retirada do sangue. Além disso, a contenção do animal é menor e o tempo necessário para a coleta também. Este tipo de coleta deve ser evitado em casos de dor no pescoço por problema de coluna ou de alguma lesão nesta região.

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Ainda, para a coleta de pequenas quantidades de sangue, pode-se usar as veias cefálicas, embora estas normalmente sejam deixadas para aplicação de soro ou outras medicações intravenosas.

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IDENTIFICAÇÃO DE AMOSTRAS E REQUISIÇÕES

As requisições e amostras devem ser identificadas corretamente, contendo informações de espécie, raça, gênero e idade do paciente.

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A diferenciação de espécies e raças é significativa, pois cada uma possui um valor de referência, além de variação biológica e celularidade completamente distintos. Para contadores automáticos de hematologia, por exemplo, é necessário ajuste para contagem das células sanguíneas de acordo com a espécie.

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Alguns parâmetros hematológicos e bioquímicos possuem concentração sérica dependente da idade do indivíduo. Esta dependência é resultante de diversos fatores, como maturidade funcional dos órgãos e sistemas, conteúdo hídrico e massa corporal. Em situações específicas, até os intervalos de referência devem considerar essas diferenças. É importante lembrar que as mesmas causas de variações pré-analíticas, que afetam os resultados laboratoriais em indivíduos jovens, interferem nos resultados dos exames realizados em indivíduos idosos, mas a intensidade da variação tende a ser maior neste grupo etário.

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Além das diferenças hormonais específicas e características de cada sexo, alguns outros parâmetros sanguíneos apresentam concentrações distintas entre machos e fêmeas, em decorrência das diferenças metabólicas e da massa muscular, entre outros fatores. Em geral, os intervalos de referência são específicos para cada gênero.

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